A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou em
entrevista ao canal em espanhol da emissora CNN ter certeza de que não
houve dinheiro desviado de corrupção em sua campanha presidencial. Ela
reiterou que as contas de sua candidatura foram aprovadas pelo TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
"Eu tenho absoluta certeza que a minha campanha não tem dinheiro de
suborno", disse Dilma na entrevista realizada no Palácio do Planalto
esta semana, que teve trechos divulgados na noite de quarta-feira pela
emisssora norte-americana.
"Isso não quer dizer que eu me coloque acima de ninguém. Qualquer
brasileiro, cidadão ou cidadã, ele deve prestar contas do que faz. Eu
prestei para o Tribunal Superior Eleitoral, entreguei as minhas contas, e
elas foram auditadas e foram aprovadas", acrescentou.
Dilma disse que se for confirmado que dinheiro de suborno chegou a
alguém, "essa pessoa tem que ser responsabilizada, é assim que deve
ser".
Em depoimento à CPI da Petrobras no mês passado, o
ex-gerente-executivo da diretoria de serviços da estatal Pedro Barusco,
um dos operadores do esquema de corrupção na empresa, relatou que houve
pedido de "patrocínio" à fornecedora de sondas da Petrobras SBM Offshore
para a campanha presidencial de 2010, quando Dilma foi eleita.
No entanto, Barusco afirmou não saber se os valores repassados foram diretamente direcionados para a campanha eleitoral.
Segundo o ex-gerente, que firmou um acordo de delação premiada com a
Justiça, o PT, partido da presidente, teria recebido de 150 milhões a
200 milhões de dólares em propina como parte do esquema de corrupção
descoberto pela operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Ainda de acordo com Barusco, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto,
gerenciava o recebimento de propinas para o partido no sistema que
envolveu a petroleira, empreiteiras e políticos.
Vaccari e o PT negam as acusações. O tesoureiro, que prestará
depoimento à CPI da Petrobras nesta quinta-feira, responde a processo
sob acusação de receber doações para o PT oriundas de propinas pagas por
empreiteiras para a obtenção de contratos com a Petrobras.
Dilma não estáentre os investigados no âmbito da operação Lava Jato.
Na entrevista à CNN, a presidente voltou a defender a atuação do
governo em resposta ao escândalo bilionário de corrupção na estatal,
reiterando que as fraudes foram descobertas em investigações da Polícia
Federal.
"Nós descobrimos porque a Polícia Federal e o Ministério Público
Federal descobriram, prenderam, doleiros", disse. "Quando se prendeu
esses doleiros, se descobriu que um desses doleiros tinha ligação com um
diretor da Petrobras, e ai é que foi puxado todo o novelo da corrupção
feita por funcionários da Petrobras."
Três ex-diretores da estatal (Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e
Renato Duque), já são réus no processo iniciado pela Lava Jato, além de
Vaccari, executivos de empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras
e o doleiro Alberto Yousseff, acusado de ser um dos operadores do
esquema.