A secretária de Saúde de Goiânia, Fátima Mrué, não compareceu para depor à Polícia Civil, na manhã desta segunda-feira (21), sobre a morte de duas pacientes em unidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Ambas eperavam leitos de UTI e, segundo denúncias feitas por vereadores da capital durante a CEI da Saúde, as mortes ocorreram mesmo como vagas disponíveis, fato que, para eles, caracteriza-se como crime de homicídio. Essa é a terceira vez que ela falta a um depoimento sobre a investigação.
De acordo com o delegado Rômulo Figueredo, responsável pelo caso, a secretária foi intimada para comparecer nos últimos dias 15 e 18 de maio, mas alegou "compromisso previamente agendados". Ficou acordado, então, o depoimento para esta segunda-feira (21), quando ela deu a mesma justificativa e remarcou para terça-feira (22).
O G1 entrou em contato com a assessoria da secretária municipal de saúde, por e-mail, as 10h30 desta segunda-feira e aguarda retorno.
O delegado informou que a secretária precisa comparecer e apresentar os documentos solicitados via ofício sob pena de ser autuada por desobediência caso não o faça. No entanto, ele afirma que não há uma data limite e que tudo precisa ser feito com "bom senso".
Figueredo afirmou que Mrué será ouvida na condição de testemunha. Além do depoimento, ela precisa entregar documentos pertinentes aos casos, e que já foram requerido pela polícia no âmbito da investigação.
"Ela deverá esclarecer toda rotina de trabalho da Central de Regulação, bem como a responsabilidade pertinente às unidades conveniadas ou credenciadas com o município para que possamos entender porque pessoas vêm morrendo à espera de leitos de UTI. A CEI [Comissão Especial de Inquérito] afirmou que havia, sim, vagas no período em que tais pessoas vieram a óbito", afirmou.
Casos
O primeiro caso refere-se à morte da paciente Isaura Ribeiro Galvão, de 58 anos. Ela morreu no dia 5 de setembro de 2016, no Cais Chácara do Governador, em Goiânia, três dias após dar entrada na unidade com leucemia.
Segundo o delegado, um dia antes de morrer, no dia 4 de setembro, Isaura obteve uma liminar da Justiça determinando a internação imediata em um leito de UTI. No entanto, o remanejamento não ocorreu e ela acabou morrendo.
O outro caso é da morte de Julma Alves da Luz, de 64 anos. Ela foi internada, no dia 12 de julho de 2017, no Cais Nova Era, em Aparecida de Goiânia, com pneumonia, e transferida, um dia depois, para a UPA Geraldo Magela.
Como não havia vaga em Aparecida de Goiânia, a Central de Regulação pediu um leito para internação na capital, mas idosa acabou morrendo, no dia 19 de julho de 2017, sem obter a vaga.
"Nos dois casos, já ouvimos parentes das vítimas e médicos da Central de Regulação. Precisamos do AIH [autorização de internação hospitalar] do caso da Isaura, que já pedimos duas vezes por ofício à secretária e ainda não recebemos", disse o delegado.
Fonte:https://g1.globo.com/go/goias
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