O Democracine se inicia dia 13 e vai até 16 de junho nas salas PF Gastal e CineBancários
A Mostra Informativa do 1º Democracine foi concebida para abrigar aqueles filmes que não poderiam se submeter à Mostra Competitiva, restrita a obras de curta ou média metragem produzidas a partir de 2010. Por esta razão, procurou-se privilegiar trabalhos de longa metragem – 14 títulos no total –, complementados por 12 curtas e médias, também relacionados aos seis eixos temáticos definidos nesta primeira edição do Democracine.
Além da relevância da abordagem dos temas e de sua qualidade cinematográfica, a seleção dos longas levou em conta sobretudo o ineditismo dos mesmos nas salas de cinema brasileiras, o que torna esta programação ainda mais atraente aos olhos do público.
A revolta popular no Egito, a crise na Grécia, os conflitos entre Israel e Palestina, a repressão contra a livre expressão sexual, a luta dos ambientalistas, o resgate da memória de episódios traumáticos da história recente, como as ditaduras portuguesa e brasileira e seus anônimos protagonistas, ou as precárias condições de vida dos imigrantes na Europa são apenas algumas das grandes questões colocadas em discussão por estas produções. Um panorama rico e multifacetado, que atesta o quanto o cinema é uma arma poderosa para a construção dos processos democráticos no mundo contemporâneo.
LONGAS
Budrus (Budrus), de Julia Bacha (Israel/Palestina, 2009, documentário, 70 minutos)
Vilarejo na fronteira entre a Cisjordânia e Israel, Budrus ocupou as manchetes em 2003, quando foi palco de um inusitado protesto não-violento. O motivo foi o anúncio da construção de um muro pelos israelenses que destruiria oliveiras histórica e economicamente importantes. À frente do movimento estava Ayed Morrar, cuja liderança comunitária e pacifista uniu em torno da causa facções palestinas rivais, como a Fatah e o Hamas, e judeus progressistas.
Catastroika (Catastroika), de Aris Chatzistefanou e Katerina Kitidi (Grécia, 2012, documentário, 87 minutos)
Documentário que registra as consequências dos processos de privatização pelo mundo e seus efeitos na economia de diferentes países, em particular na Grécia, atual pivô da crise econômica na Europa. Entre as personalidades entrevistadas pelos diretores, estão nomes como Ken Loach, Naomi Klein, Slavoj Zizek e Luis Sepulveda, que discorrem sobre as consequências desastrosas da privatização massiva pelo mundo. Realizado através do sistema de crowd funding, com contribuições espontâneas de cidadãos gregos e de outros países europeus para o seu financiamento.
Cinema de Guerrilha, de Evaldo Mocarzel (Brasil, 2010, documentário, 72 minutos)
Um documentário sobre jovens de periferia que fazem cinema, realizam oficinas e promovem exibições alternativas de curtas-metragens para as comunidades.
Culturas de Resistência (Cultures of Resistance), de Iara Lee (Estados Unidos, 2010, documentário, 73 minutos)
Uma investigação pelo mundo sobre a arte como instrumento possível em busca da paz: passando pelo Irã, onde o grafite e o rap tornaram-se ferramentas para lutar contra o regime; Mianmar, onde monges lutam contra a ditadura; o Brasil, onde músicos vão às favelas para ensinar crianças carentes; e os campos de refugiados de palestinos no Líbano, onde a fotografia, a música e o cinema deram uma chance às vozes esquecidas.
Entre Homens – Gays na Alemanha Oriental (Unter Männern – Schwul in der DDR), de Ringo Rösener e Markus Stein (Alemanha, 2012, documentário, 91 minutos)
Retrato sobre a vida dos homossexuais na Alemanha comunista. Seis diferentes homens falam sobre como conseguiram exercer sua sexualidade, em um contexto em que o homossexualismo era tolerado mas não permitido.
Escola Normal (Escuela Normal), de Celina Murga (Argentina, 2012, documentário, 88 minutos)
Ao acompanhar o processo de eleição do conselho estudantil de uma escola de elite no interior da Argentina, a diretora Celina Murga promove uma sutil exploração do contraste entre ideias políticas, ideologias institucionais e sua implementação na vida cotidiana.
Memória Cubana, de Alice de Andrade e Ivan Nápoles (Brasil/França/Cuba, documentário, 71 minutos)
Através dos arquivos do cinejornal cubano Noticieros ICAIC Latinoamericanos, o filme mostra os acontecimentos mais marcantes da segunda metade do século XX vistos pelas lentes dos documentaristas da ilha. Em 2009, os negativos originais dos Noticieros ICAIC Latinoamericanos foram declarados “memória do mundo” pela Unesco.
Osmarino Amâncio: Filho da Floresta, de Adelino Matias e Emiliano Leal (Brasil, 2011, documentário, 85 minutos)
A vida e atuação do líder seringueiro Osmarino Amâncio no movimento de defesa da Floresta Amazônica. Nascido e criado no Acre, desde cedo ele acompanhou a exploração na qual os seringueiros viviam, testemunhou o início da invasão de grandes latifundiários na Amazônia e suas consequências na floresta. Vivendo sob constantes ameaças, Osmarino é até hoje uma voz atuante em defesa de uma floresta autossustentável, preservada para as futuras gerações.
Outra Europa (Altra Europa), de Rossana Schillaci (Itália, 2011, documentário, 75 minutos)
Em Turim, cidade industrial no norte da Itália, uma clínica abandonada abriga mais de 200 refugiados africanos, cujas duras condições de vida são reveladas neste documentário.
Pense Global, Aja Rural (Think Global, Act Rural – Solutions Locales pour un Désordre Global), de Coline Serreau (França, 2010, documentário, 113 minutos)
Durante três anos, a diretora Coline Serreau viajou pelo mundo para encontrar e entrevistar fazendeiros, filósofos e economistas que estão inventando e experimentando com sucesso soluções para lidar com o desgaste da terra. Entre eles, Pierre Rabhi, Claude e Lydia Bourguignon (na França), os trabalhadores sem-terra e a professora Ana Primavesi (no Brasil), e Vandana Shiva (na Índia).
Quem Vai à Guerra, de Marta Pessoa (Portugal, 2011, documentário, 129 minutos)
Passados 50 anos do início das guerras coloniais portuguesas, também conhecidas como Guerra da África, o conflito é ainda hoje um assunto delicado e apoiado em um discurso exclusivamente masculino – como se a guerra pertencesse e afetasse apenas seus ex-combatentes. Contado pelas mulheres que ficaram à espera, foram à África voluntariamente para acompanhar seus parceiros ou trabalharam nas frentes de batalha, o documentário apresenta um discurso feminino sobre o conflito que marcou uma geração.
Do Poder (Del Poder), de Zaván (Espanha, 2011, documentário, 72 minutos)
Em 2001, o confronto entre o Estado e os movimentos sociais em Genebra desvenda uma espécie de natureza do poder. A repressão policial foi a resposta ao maior protesto realizado até então. Trezentos mil manifestantes enfrentaram o lado mais violento da democracia.
Soldados a Caminho do Puteiro – Memórias de uma Guerra Quase Imaginária, de Hermes Leal (Brasil, 2011, documentário, 78 minutos)
A Guerrilha do Araguaia é vista por meio da história pessoal do diretor, que volta à cidade onde viveu até os 12 anos de idade. Naquela época, sua rua era tomada por militares. O filme refaz a guerra através do imaginário dos moradores, em busca de memórias e lembranças da época. Muitos ali não sabiam muito bem o que se passava, enquanto outros faziam parte do palco da guerra.
Tahir (Tahir), de Stefano Savona (França/Itália/Egito, 2011, documentário, 90 minutos)
Os acontecimentos que eclodiram na Praça Tahir, no Cairo, registrados no calor da hora, no olho do furacão.
CURTAS E MÉDIAS
Babás, de Consuelo Lins (Brasil, 2010, documentário, 20 minutos)
Fotografias, filmes de família e anúncios de jornais do século XX constroem uma narrativa pessoal sobre a presença das babás no cotidiano de inúmeras famílias brasileiras. Uma situação em que o afeto é genuíno, mas não dissolve a violência, evocando em alguns aspectos nosso passado escravocrata.
Democracia e Participação (Democracia y Participación), de Iván Zambrano (Venezuela, 2004, documentário, 13 minutos)
Através de testemunhos e opiniões diretas de líderes comunitários, um retrato sobre o Orçamento Participativo na Venezula, mostrando o quanto a ideia de democracia se aprofunda a partir da participação popular.
Em Nome do Filho, de Eduardo Canto Machado e Tanira Lebedeff (Estados Unidos/Brasil, 2005, documentário, 23 minutos)
Documentário que mostra o movimento pacifista e de oposição às guerras no Iraque e no Afeganistão, liderado por organizações não-governamentais e por cidadãos comuns que foram tragicamente afetados pelos conflitos.
Mais do que um Teto (More Than a Roof), de Rachel Falcone, Michael Premo e Phil Wider (Estados Unidos, 2011, documentário, 38 minutos)
Documentário que retrata os movimentos de direito à moradia, conduzido pela atuação da urbanista brasileira Raquel Rolnik, uma das maiores autoridades mundiais sobre o tema.
Marcovaldo, de Cíntia Langie e Rafael Andreazza (Brasil, 2010, ficção, 14 minutos)
Um dia na vida do gari Marcovaldo, um trabalhador brasileiro comum, buscando mostrar uma realidade que, apesar de cotidiana, nem todos percebem.
OP Belô, de João Ramos de Almeida (Brasil, 2010, documentário, 56 minutos)
Documentário sobre o Orçamento Participativo de Belo Horizonte, que reflete sobre as variadas contradições desse processo e os conflitos que se geram até a decisão final da escolha das obras a serem contempladas.
Povo Marcado, de Werinton Kermes e Luciana Lopez (Brasil, 2008, documentário, 30 minutos)
Documentário sobre programa de rádio feito por presidiárias em São Paulo. O resultado faz emergir nos meios de comunicação um universo de vozes caladas, que desejam ser ouvidas, por mais incômodas que possam ser as mensagens que elas veiculam.
Programa Especial “Na Boa em Poa”
Seleção de curtas realizados em comunidades das regiões de Porto Alegre.
Direito no Cárcere, de Carmela Grune (Brasil, 2012, documentário, 10 minutos)
Documentário que aborda as plataformas de expressão dos detentos em tratamento de dependência química no Presídio Central de Porto Alegre, refletindo sobre a necessidade de quebrar as algemas mentais da sociedade que transfere a pena para a família, excluindo muitas vezes o detento da possibilidade de reinserção social.
Diga Paz, direção coletiva (Brasil, 2011, documentário, 4 minutos)
Realização coletiva, assinada por alunos de uma escola da rede municipal de Porto Alegre, que adapta para a linguagem audiovisual o livro Diga Paz.
A Múmia, direção coletiva (Brasil, 2007, ficção, 6 minutos)
Depois de um acidente em posto de revenda de gás, rapaz fica em com. Um dia, sem que qualquer pessoa o veja, ele acorda e sai caminhando pelo bairro Restinga. Curta de ficção realizado por alunos de escola da rede municipal de Porto Alegre.
Qual Cinema?, de Augusto Cezar Santos (Brasil, 2004,ficção, 8 minutos)
A vida da menina Eliane e seu desejo em conhecer uma sala de cinema, sonho compartilhado por grande parte da população da Restinga, bairro de grande população de Porto Alegre, e sem uma sala de cinema.
Quem Somos Nós, direção coletiva (Brasil, 2012, documentário)
Os alunos adolescentes de uma escola especial da rede municipal de ensino falam sobre seus sonhos, objetivos e dificuldades.
Democracine - Festival Internacional de Cinema de Porto Alegre
De 13 a 16 de junho
P.F.Gastal - Usina do Gasômetro – Av. João Goulart, 551. Centro. Porto Alegre
CineBancários – General Câmara, 424. Centro. Porto Alegre
Uma realização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Observatório Internacional de Democracia Participativa em parceria com Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Fonte:BD divulgacao
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