Punta del Este - Os ministros da Defesa da América debatiam nesta quarta-feira (10/10) se apoiam a reivindicação argentina sobre as Malvinas, em uma conferência na qual pela primeira vez aprovaram um mecanismo concreto: criar um sistema de coordenação da ajuda em caso de desastres naturais.
A poucas horas do encerramento de sua décima conferência em Punta del Este, as delegações dos 28 países presentes - dos 34 que integram o fórum - buscavam uma fórmula de consenso para incluir na declaração final do encontro um reconhecimento do Atlântico como zona de paz e uma menção à reivindicação argentina sobre as ilhas Malvinas, sob controle britânico desde 1833.
"Não houve acordo, até o momento havia duas notas na declaração sobre as Malvinas, com observações de Canadá e Argentina", disse um participante da conferência que pediu o anonimato.
Outro delegado do encontro, que tampouco quis ser citado, disse que "o Canadá está liderando a briga aqui" contra a reivindicação da Argentina, que questionou no encontro os exercícios militares britânicos e a exploração petroleira desta origem nas ilhas.
A declaração incluiria assim um reconhecimento do Atlântico como zona de paz e um chamado a tratar o tema das Malvinas como resolveu em junho a assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA), que encorajou os governos de Argentina e Grã-Bretanha a encontrar uma solução pacífica para sua disputa.
A exigência argentina se choca com as diferentes visões políticas no continente, que já se manifestou na cúpula presidencial das Américas de abril, quando não houve declaração final precisamente pela falta de consenso sobre o apoio à solução argentina em relação às Malvinas.
- Um acordo concreto -
Por sua vez, após um árduo debate os ministros aprovaram por maioria implementar um mecanismo de coordenação voluntário da ajuda a países atingidos por desastres naturais, anunciou o ministro chileno, Andrés Allamand.
Trata-se da primeira vez na história deste fórum continental - realizado desde 1995 - que se apela a uma votação diante da falta de consenso. E a primeira vez que a conferência de ministros aprova uma iniciativa concreta.
"Este é um avanço concreto desta conferência, é, sem dúvida, um sucesso, embora tenham ocorrido algumas divergências", destacou Allamand, que, segundo fontes do encontro, pressionou energicamente para que uma resolução fosse adotada.
A iniciativa impulsionada pelo Chile e que contava com o apoio de Estados Unidos e Canadá foi aprovada com a oposição de Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Nicarágua, Suriname e Venezuela, enquanto Guiana e Uruguai se abstiveram, informaram as fontes à AFP.
O batizado Sistema Cooperativo de assistência humanitária (Sicahum) será um mecanismo voluntário, que respeitará a legislação de cada país e no qual a coordenação e a direção da ajuda estarão a cargo das autoridades civis, explicou Allamand.
O encarregado de implementá-lo será o Peru, que presidirá a próxima conferência de ministros em 2014.
Por sua vez, embora a discussão sobre a vigência do sistema interamericano de defesa e suas instituições tenha sido anunciada como "prioritária", os ministros se limitarão a pedir à OEA "que trate de forma peremptória o tema", indicou na terça-feira o vice-ministro do Uruguai, Jorge Menéndez.
Seria, assim, uma declaração similar à da conferência anterior, na Bolívia em 2010, que já havia chamado a revisar um sistema que vários países consideram obsoleto.
Com relação à questão das missões de país, houve unanimidade, com um acordo para trabalhar em conjunto na integração de civis, de gênero e educação.
Para o ministro da Defesa uruguaio, Eleuterio Fernández Huidobro, o resultado é positivo.
"Pode-se ter acordo sobre algumas coisas, sobre outras é preciso seguir discutindo e sobre outras pode ser que não exista nunca um acordo", disse o ministro nesta quarta-feira à AFP.
"Eternamente vai ser assim. Mas também é preciso fazer estas reuniões", considerou.
Fonte:France Presse
|