O setor de calçados acaba de ganhar uma nova ferramenta para integrar de maneira concreta a sustentabilidade em sua cadeia produtiva. Depois de dois anos de pesquisas, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos (Assintecal) lançam o Programa Origem Sustentável, que vai certificar as empresas alinhadas com critérios sociais, ambientais, culturais e econômicos.
Segundo a coordenadora de Projetos e Inovação do Instituto By Brasil, Linda Pienes, que participou do desenvolvimento da certificação, o novo selo resulta da necessidade do setor de melhorar as condições de competição interna e externamente. "Grandes marcas começaram a demandar de seus fornecedores padrões ambientais, mas não havia nada padronizado para organizar e atestar isso", explica.
Linda diz que, ao iniciar o trabalho, se constatou que muitas empresas já adotavam critérios sociais e ambientais. "O Brasil tem legislação trabalhista e ambiental severas que ajudam o desenvolvimento setor nesse sentido e isso não é valorizado. A certificação faz isso."
O selo segue a seguinte classificação: Branco, Bronze, Prata, Ouro e Diamante. A categoria Branco é para aquelas empresas que ainda não colocam em prática projetos que visem os quatro pilares - social, ambiental, cultural e econômico -, mas estão dispostas a passar por uma avaliação e incorporar os critérios na empresa. A Bronze é para quem já incorpora as bases mas ainda tem de ampliá-las e melhorá-las.
Conforme a companhia vai melhorando, ela vai subindo de nível. A partir da categoria Prata, a empresa passa também por uma auditoria externa. Por ser um tipo de selo evolutivo, as empresas são estimuladas a melhorar seus índices. Caso ela piore ou se mantenha estável, perde o certificado. A avaliação tem de ser feita a cada dois anos.
Todas as companhias que já aderiram ao programa conquistaram a classificação Bronze. São as fabricantes Piccadilly, Calçados Bibi e Dian Patris e as empresas de componentes Killing, FCC, Prisma, Endutex, Dublauto Gaúcha, Jotaclass, JR Dublagens, Cipatex e MK Química. Linda diz que a certificação não deve gerar aumento no preço dos produtos finais. O que as empresas participantes buscam com a iniciativa é a diferenciação do produto e da marca e a entrada em novos mercados.
"Estamos buscando o compromisso das empresas em gerenciar e melhorar seus resultados em um processo global. O conceito de calçado sustentável, com certeza, abrirá mais o mercado internacional e dará mais competitividade. A Europa, por exemplo, não aceita mais o ingresso de determinados produtos", diz o presidente da Assintecal, Marcelo Nicolau.
O programa foi desenvolvido em parceria com o Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Universidade de São Paulo (USP) e do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Apesar de ter sido pensado para o setor de calçados, a longo prazo a intenção é expandi-lo para todos os ramos da moda.
Fonte:terra
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