Centenas de opositores de Margaret Thatcher se reuniram na noite de sábado na Trafalgar Square, centro de Londres, para celebrar, sob a chuva, a morte da ex-primeira-ministra britânica.
Ex-mineiros que participaram na greve que durou um ano na década de 1980 contra o governo da Dama de Ferro se uniram a ativistas de extrema-esquerda e estudantes para festejar a morte de Thatcher.
Um forte dispositivo policial foi mobilizado nos arredores da manifestação, depois dos incidentes ocorridos na segunda-feira passada, durante as primeiras celebrações espontâneas com a notícia do falecimento de Thatcher.
Mas o clima na noite de sábado no centro de Londres era mais de carnaval de rua, com muitos participantes que sequer tinham nascido quando a ex-primeira-ministra tinha deixado o cargo. Eles dançavam, tocavam tambores, apitavam e buzinavam.
No entanto, alguns confrontos com a polícia foram registrados e nove pessoas foram presas, entre elas cinco por bebedeira e por alterar a ordem pública, segundo um porta-voz da Scotland Yard.
O prefeito de Londres, Boris Johnson, advertiu aos manifestantes contra possíveis excessos.
"Vivemos em uma democracia, onde as pessoas têm o direito de protestar, divertir-se e fazer o que quiser", afirmou à rádio BBC . "O que não se pode fazer é usar a morte de uma idosa para fazer um comício, uma revolta ou coisas assim", acrescentou.
Muitos dos participantes na festa afirmaram que também pretendem protestar durante o funeral de Thatcher, que acontecerá na próxima quarta-feira, e que vão se postar ao longo do percurso do cortejo fúnebre para dar as costas ao caixão.
Entre os participantes na festa em Trafalgar Square havia ex-mineiros procedentes do norte da Inglaterra, que viram suas comunidades serem devastadas pelo fechamento das minas durante os 11 anos que Thatcher esteve no poder, entre 1979 e 1990.
David Douglas, ex-mineiro e membro da União Nacional de Mineiros de Yorkshire, disse que ficou muito contente ao saber da morte da ex-premiê.
"Foi uma mulher horrível e estamos furioso com a imagem da imprensa de que todos neste país estão de luto", denunciou.
Sigrid Holmwood, uma artista escocesa de 34 anos, usava um guarda-chuvas com a inscrição "ding dong", em referência à canção "Ding dong, a bruxa morreu", do filme "O mágico de Oz", que esta semana virou hino dos opositores de Thatcher.
"Vim hoje para protestar contra os milhões do tesouro público que serão gastos no funeral, quando há cortes que afetam doentes e deficientes", afirmou.
No sábado, os torcedores do Liverpool Football Club exibiram cartazes durante partida pela Premier League nos quais se podia ler "Vamos festeja", ao som de "Maggie está morta, morta, morta".
A festa de sábado acontece a quatro dias dos funerais oficiais da ex-primeira-ministra, ao qual assistirão a rainha Elizabeth II e cerca de 2.000 convidados, entre muitas figuras políticas internacionais.
O funeral será realizado na Catedral de São Paulo, em Londres, e recebeu o codinome "Operação True Blue": a cor do conservadorismo encarnado pela "Dama de Ferro".
O gabinete do atual primeiro-ministro David Cameron, herdeiro político da falecida, indicou em um comunicado que os detalhes do "funeral cerimonial" foram planejados em uma reunião entre representantes da família, do governo, do Palácio de Buckingham, do Exército e da Polícia.
O esquema de segurança para o desfile, os detalhes do protocolo e a lista de participantes do evento, um nível abaixo de um funeral de Estado, também foram discutidos nesta ocasião.
Como parte da operação "True Blue", que também é a cor favorita de Margaret Thatcher, as bandeiras nacionais ficarão hasteadas a meio-mastro em edifícios oficiais e embaixadas britânicas do nascer ao pôr do sol de quarta, 17 de abril.
O último primeiro-ministro a ter tido direito a um funeral de Estado, acompanhado por três dias de luto, foi Winston Churchill em 1965.
A Rainha Mãe e a princesa Diana tiveram direito ao "funeral cerimonial".
O caixão de Thatcher, que morreu segunda-feira aos 87 anos em um quarto no hotel Ritz, ficará exposto durante toda a noite de terça na Capela de St Mary Undercroft, no palácio de Westminster.
No dia do funeral, o féretro será transportado em uma carruagem puxada por uma parelha de cavalos ao longo da avenida majestosa do Strand até a Catedral de São Paulo.
Soldados serão alinhados ao longo do percurso, no coração da capital parcialmente fechada ao tráfego.
Fonte:terra
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