Órgão tem estimativa de que foram colocados substâncias cancerígenas em mais de 100 milhões de litros de leite.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul realizou hoje pela manhã (8) uma operação para acabar a adulteração de leite realizado na região norte do estado.
Cerca de 10 mandados de apreensão foram expedidos e estão sendo cumpridos nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina.
A adulteração de leite por cinco empresas do Rio Grande do Sul responsáveis por transportar o produto, revelada pela Operação Leite Compensado, chega a ser mais grave que o tráfico de drogas.
A comparação feita pelo subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos do Ministério público Estadual( MPE), Ivory Coelho Neto, durante entrevista coletiva na Promotoria de Justiça de Tapera(RS). “ No tráfico, a venda é feita para quem sabe que está comprando drogas. Na adulteração de leite, com ureia e formol, a venda é feita sem que a pessoa queria ou saiba que está contaminado”, explicou.
A fraude era realizada com a adição de uma substância semelhante à ureia e que possui formol em sua composição, na proporção de um quilo deste produto para 90 litros de água e mil litros de leite.
As investigações começaram em 2012, depois que o Mapa identificou a presença de formol em um laudo de análise de leite. Neste momento se acendeu uma luz vermelha, a qual passou-se a monitorar o assunto de forma mais abrangente e o segundo laudo, de agosto, confirmou que alguém estava adulterando o leite. Segundo Coelho Neto, o Ministério Público foi procurado e pedido prioridade para a apuração.
Toda a adulteração e encontros foram descobertos pelo uso de intercepção telefônica. Conforme aas investigações , o leite era recolhido por empresas, os chamados “ leiteiros”, em caminhões-tanque. Em seguida a carga ia para postos de resfriamento e somente depois para a indústria. Segundo o procurador a mistura que adulterava o leite era colocada nos caminhões antes de ir para o recolhimento do leite junto aos produtores.
Não era apenas a adição de água para aumento do volume, que acarreta perda nutricional, que era compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerada cancerígena pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O Ministério Público disse que provavelmente a água utilizada de poço artesiano era imprópria para o consumo agravando o problema. Com esta adulteração , os “ leiteiros” lucravam 10% a mais que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro. Segundo Coelho Neto, as indústrias não tinham envolvimento na adulteração, mas mesmo assim apontou deficiência no controle de qualidade.
As marcas adulteradas por formol conforme laudos de laboratórios credenciados pelo Mapa:
Italac Integral : lotes: L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1.
Italac Semidesnatado: lote: L12KM1
Bom Gosto/ Líder UHT Integral: lote: TAP1MB
Mumu UHT Integral: lote: 3ARC
Latvida UHT Desnatado: com fabricação de 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013.
|