O inquérito interno do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, que investiga a responsabilidade da corporação na tragédia da Boate Kiss, que matou mais de 240 pessoas, deve apontar que os bombeiros de Santa Maria cometeram várias irregularidades na liberação da boate para funcionar. "Pelo que a gente viu, não estava sendo cumprido o regimento interno, que exigia a planta, a anotação de responsabilidade técnica para aquele local", adiantou o comandante do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre, tenente coronel Adriano Krukoski Ferreira, que acompanhou a investigação, durante uma audiência pública realizada pela comissão externa da Câmara de Deputados, em Porto Alegre.
Ferreira afirmou que o inquérito deve ser concluído até o começo de junho. Antes do depoimento de Ferreira, o Corpo de Bombeiros do Estado, Guido Pedroso de Melo, disse que após a emissão do alvará da Kiss, qualquer alteração no local era de responsabilidade do proprietário, eximindo a responsabilidade da corporação. "Após vencido o alvará, e encaminhado o pedido de renovação, do ponto de vista dos Bombeiros, pela lei, a responsabilidade pelo local é do proprietário!", afirmou.
Indagado sobre as declarações de bombeiros que reclamaram sobre falta de equipamento e treinamento para fiscalizar casas noturnas, Melo negou a falta de material ou treinamento e disse que os responsáveis pelas declarações “vão ter que responder pelas afirmações, verdadeiras ou não”.
A Comissão Externa da Câmara realiza durante todo o dia uma audiência pública, onde devem ser ouvidos, além do comandante do Corpo de Bombeiros, o promotor Ricardo Lozza, responsável pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelos proprietários da Kiss, Jader Marques, advogado de um dos sócios da boate, além do secretário estadual de segurança, Airton Michels.
O sub-relator da comissão, deputado Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS), disseque a comissão teve vários entraves, e que só após quatro meses conseguiu orçamento, para que possa trazer envolvidos para depor nas audiências. "Nós tivemos muitos entraves, estamos no quarto mês, e só conseguimos, ontem, que a comissão tenha algum orçamento, para que possa trazer aqui os técnicos. Estivemos há três meses em Santa Maria e foi uma visita infrutífera, foram apresentadas barbaridades, mas nada foi gravado", disse.
Fonte:terra
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