O Brasil é o sexto país com maior número de inscritos para o projeto Mars One, que pretende colonizar Marte a partir da próxima década. As condições extremas da viagem, só de ida, não dirimiram as convicções de mais de 3 mil brasileiros que enviaram sua aplicação para o programa até o início de maio. No primeiro mês de inscrições online, o site contabilizou aproximadamente 80 mil inscritos.
Na página do programa, encontram-se alguns perfis e vídeos de candidatos. Mas nem todos: "Muitas inscrições ainda aguardam moderação. Algumas pessoas também precisam completar seu perfil ou escolheram não compartilhar sua aplicação publicamente", explica Aashima Dogra, gerente de conteúdo do Mars One.
Um dos brasileiros que decidiu compartilhar suas informações é o paulista Bruno Freire, 22 anos, estudante de publicidade e propaganda. "Assim que fiquei sabendo do projeto, me interessei pela proposta", conta. "Desde criança, sempre fui fascinado pelo assunto. Não apenas de pensar que um dia poderia ir a Marte, mas sempre estive inteirado em relação às coisas sobre o universo".
Freire integra um grupo de 3.018 brasileiros que se propõe a abandonar a Terra e principiar a colonização de Marte em 2023. Ao todo, após diversas fases de seleção, serão 24 escolhidos. Se a empreitada der certo, eles terão seu nome registrado na história espacial. "Caso não haja tecnologia ainda, eu espero. Para quem já esperou 10 anos, um pouco mais não seria nada", diz Freire.
O problema não é chegar a Marte, mas sobreviver por lá. As condições não são animadoras. A gravidade, 40% da experimentada na Terra, é apenas um dos fatores. O ar é mais rarefeito, a temperatura pode chegar a -135°C, e tempestades de poeira são comuns. Pelo menos, segundo dados da sonda Curiosity, os índices de radiação não impediriam a exploração humana no planeta. "A nossa única garantia é de que será o mais seguro possível", reconhece Bas Lansdorp, fundador do Mars One.
O projeto garante, entretanto, que todas as tecnologias necessárias para manter seres humanos em Marte são viáveis. Só que elas são caras: para bancar os custos, estimados em US$ 6 bilhões, o Mars One planeja um reality show.
Na verdade, ele já começou. Na inscrição, os candidatos são incentivados a compartilhar seu perfil no projeto, como ocorre no Big Brother, por exemplo. Depois, será a hora de documentar as fases seguintes do processo seletivo e todo o treinamento, que levará 10 anos e envolverá pessoas de culturas completamente diferentes. A projeção dos organizadores, baseada na audiência dos Jogos Olímpicos de 2012, é de que um reality show dessa dimensão vai gerar os dividendos necessários para a viagem.
As inscrições pela internet seguirão até agosto. Quem se interessar pela ideia pode se cadastrar pelo site mars-one.com, pagar uma taxa de US$ 17 (cerca de R$ 34, aproximadamente) e enviar um vídeo explicando por que deveria ser selecionado pelo programa. Como o treinamento será extenso, o candidato não precisa de conhecimentos específicos e nem grande domínio de inglês - apenas idade superior a 18 anos, estabilidade emocional, adaptabilidade a situações adversas e vontade de aprender. O primeiro pouso em Marte está previsto para 2023, com transmissão ao vivo, em alta definição, para todo o planeta - Terra.
Fonte:terra
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