A Associação Médica Brasileira (AMB) anunciou hoje (10) a realização de um censo para traçar um panorama sobre a situação de trabalho dos cerca de 400 mil médicos do País. Os profissionais vão responder, pela internet, até o dia 31 de agosto, a um questionário com 50 perguntas. O objetivo do Censo Médico 2013 é esclarecer questões como concentração destes profissionais em certas regiões brasileiras e também em determinadas especialidades.
Segundo o presidente da AMB, Florentino Cardoso, os resultados do censo sairão no fim deste ano. Cardoso destacou, porém, que os dados não chegarão a interferir nas decisões do governo relativas ao Programa Mais Médicos, já que não haveria tempo hábil, pois a medida provisória (MP) tem validade de 60 dias, podendo ser prorrogada por mais 60. A associação, no entanto, entrará com medidas judiciais contra a MP, que, para Florentino Cardoso, tem pontos inconstitucionais.
Para o presidente da AMB, o problema da saúde brasileira não se resume à falta de médicos. Ele citou como exemplo um dado que vem sendo divulgado pelo governo federal para justificar a criação do Programa Mais Médicos, de que o Brasil tem 1,9 médicos por mil habitantes, enquanto outros países, como a Inglaterra, a Argentina e a Itália têm mais de três.
Florentino ressaltou que cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória e Brasília chegam a ter mais de quatro médicos por mil habitantes e, mesmo assim, o atendimento continua precário. "O governo enviesa números para a população achar que, quanto mais médicos, mais bem assistida ela será, o que não verdade."
Ele criticou também a contratação de médicos estrangeiros, sobretudo cubanos, afirmando que, apesar de Cuba ser um dos países com maior densidade de médicos, mais de 6 por mil habitantes, a saúde do país não é um paraíso. "Nós não conhecemos medicina de ponta, de vanguarda, desenvolvida na ilha dos irmãos Castro. Nós lemos os periódicos de maior impacto no mundo e não tem artigos da medicina cubana de maneira expressiva."
Na opinião de Florentino, no Brasil, o problema da concentração de médicos nos polos mais desenvolvidos está mais ligado a condições de trabalho e à falta de acesso à atualização profissional. Segundo ele, estudos indicam que o que mais atrai o médico brasileiro para os grandes centros, em primeiro lugar, é a necessidade de manter-se atualizado. "Porque a medicina evolui muito rápido. Se você joga (o médico) numa cidade dessas (afastadas), cinco anos depois ele só saberá a metade de seu conhecimento atual."
A segunda razão de atração dos médicos para as cidades mais desenvolvidas são as melhores condição de trabalho. Florentino citou casos de profissionais que se recusaram a receber salários maiores para trabalhar em localidades afastadas por discordar da falta de estrutura nos centros médicos. De acordo com ele, determinadas especialidades sequer existem nesses lugares.
Fonte:terra
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