A casa onde Nelson Mandela morreu, na última quinta-feira, atraiu hoje centenas de pessoas, transformando as ruas nas redondezas em um improvisado e festivo calçadão. Embora o corpo não esteja mais no local, após ter sido transferido para um hospital militar, a residência no afluente bairro de Houghton, em Johannesburgo, é o ponto de atração de sul-africanos e turistas. Tanto movimento transformou as calçadas em frente às mansões vizinhas à de Mandela em mostruários para todo tipo de badulaque, expostos sem cerimônia no chão, sobre a grama bem aparada. Quadros holográficos, em que diversas poses de Mandela se alternam, são vendidos a 200 rands (R$ 45). Camisetas com a estampa do herói saem por 100 rands (R$ 22,50), e bonés, por 50 rands (R$ 11,25). No meio da rua interditada pela polícia, um grupo de hare krishna canta em homenagem a Mandela e distribui de graça porções de biryani, prato típico indiano à base de arroz. Alguns metros à frente, um grupo de sul-africanos entoa gritos de guerra que terminam com "siyabona", obrigado na língua zulu. "Mandela é como uma religião na África do Sul", diz Sphamandla Shilubana, 19, estudante originalmente da província de Limpopo, norte do país. Nascido em 1994, ano oficial do fim do apartheid, ele é parte da chamada geração "born free", ou nascida livre. Embora otimista com o potencial do país, quer estudar engenharia e ir embora para o exterior, em busca de emprego. "Sempre pude ir a qualquer lugar e estudar em qualquer escola, graças a Mandela", afirma, com um buquê que iria depositar em frente ao portão de Mandela, já repleto de flores, faixas e ursinhos de pelúcia. Branco, Edward Brass veio fazer turismo cívico acompanhado da mulher, duas filhas e da mãe. "Ele fez toda a diferença. Não seríamos um único país hoje se não fosse por Mandela", afirma.
Fonte:folhapress
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