Com o advento dos uploads, conteúdo produzido para a internet tem conquistado espaço antes destinado à TV. Capim Mulambo, websérie trash, é exemplo da preferência.
Não é mais novidade que a internet tem atraído muito mais os olhos dos espectadores do que a televisão. Por vezes, passa-se um dia inteiro nas "nuvens" e não há novela que faça a telinha ser ligada. E mais: pulamos de downloads para uploads. Criadores de plantão parecem ter descoberto que melhor que baixar um conteúdo “famoso”, é criar algo autoral, lança-lo à rede e, com sorte, ganhar destaque. Um desses talentos que vem ganhando mais espectadores a cada dia é a equipe da websérie Capim Mulambo, que aborda temas como sexualidade, desigualdade social e violência.
São 35 pessoas, entre elenco e equipe técnica, recrutados pelo cineasta Wallace Ramos, que deram vida a uma fábula sobre a desigualdade social brasileira. Inspirado no trabalho de John Waters, diretor que teve destaque nos anos 1970 com filmes cult transgressivos, Wallace escolheu a comunidade da Maré para ser pano de fundo da história. “Além de fã de filmes trash, sou cria da Maré e não tenho como, nem quero, fugir disso. Tudo o que fiz foi juntar a minha formação profissional com os pontos fracos e fortes do dia a dia da comunidade, que renderiam um bom roteiro”, explica. De acordo com Ramos, que além de idealizador é roteirista e diretor da série, ao todo, serão 13 capítulos. O primeiro episódio já está disponível no canal Capim Mulambo, e o segundo será lançado ainda no final deste mês.
A visibilidade de criações do gênero é facilmente explicável. Além da interatividade, que permite acessar e compartilhar o conteúdo que quiser, o público considera as criações do meio digital mais atrativas do que as da TV. Capim Mulambo, que conta com produções paralelas, é um exemplo desta pluralidade permitida no online. Além da série, que conta a história de Makoumba, Wallace também criou a HQ Ciscado, uma história em quadrinhos com diversas vinhetas que complementam a narrativa.
Internet x Televisão
Em pesquisa realizada pela Interactive Advertising Bureau (IAB Brasil) em parceria com a ComScore, a internet foi escolhida pelo público brasileiro como a mídia recreativa favorita. Foi proposta, para mais de duas mil pessoas, a seguinte pergunta: "se tivesse 15 minutos livres no dia, qual seria sua atividade escolhida?". Navegar na web foi a opção de 33% dos entrevistados, seguida pela utilização de redes sociais, com 13%. Somando os resultados relacionados ao mundo online, quase 70% das pessoas preferem dedicar o tempo livre na realidade virtual. Por sua vez, assistir TV obteve 11%. O estudo mostra ainda que a internet é considerada a mídia mais importante para 80% dos pesquisados. A telinha ficou em segundo lugar (50%), seguido pelo jornal (37%) e pelo rádio (28%).
Sobre Capim Mulambo
A websérie aborda temas como sexualidade, desigualdade social e violência. Tudo isso sob uma temática trash humorística, com direito a assassinato de político evangélico, silicone de borracharia e protagonista inspirada na dragqueen Divine, personagem do circuito underground do cinema na década de 70. Mais informações no www.facebook.com/CapimMulambo
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