O papa Francisco beatificou neste domingo (19) Paulo VI durante missa
na Praça de São Pedro no Vaticano, assistida por dezenas de milhares de
pessoas.
Depois do ritual pedido de beatificação apresentado ao papa pelo
bispo de Brescia, Luciano Monari, Francisco pronunciou a fórmula em
latim que declarava beato o pontífice que encerrou o Concílio Vaticano
II, conferências que buscaram modernizar a Igreja e atrair os cristãos
realizadas entre 1962 e 1965, e que assinou importantes encíclicas como a
"Humanae Vitae".
Francisco disse que "a partir de agora o papa Paulo VI será chamado
beato e sua festa se realizará, nos lugares e segundo as regras
estabelecidas, em 26 de setembro de cada ano".
A cerimônia eucarística começou com a leitura da biografia do papa
Paulo VI pelo postulador da causa de beatificação, Antonio Marrazzo.
O papa emérito Bento XVI assistiu à beatificação, pois foi Paulo VI
que o nomeou cardeal, e foi cumprimentado por Francisco logo na chegada.
Os 253 participantes do Sínodo da família, encerrado ontem, participaram da cerimônia.
O milagre atribuído à Paulo VI, e que o permitiu ser beatificado, é a
cura de um feto diagnosticado com graves problema cerebrais no início
da década de 1990 na Califórnia. A mãe se recusou a abortar e rezou para
o papa para salvar a criança, que nasceu saudável.
No altar foi exposta a camiseta ensanguentada de Paulo VI, depois do
atentado, em 1970, quando um pintor boliviano o apunhalou duas vezes na
chegada ao aeroporto de Manila.
Paulo VI
Em abril deste ano, o Papa Francisco canonizou João XXIII (1958-1963) e João Paulo II (1978-2005).
Sínodo dos Bispos
No sábado (18), o Vaticano divulgou uma mensagem destinada “às famílias
do mundo todo” como resultado do Sínodo dos Bispos, reunião com cardeais
convocada pelo Papa Francisco. O texto denuncia as “inúmeras crises
matrimoniais” e “eventos dramáticos” que elas sofreram, mas não menciona
o casamento homossexual – assunto que divide os participantes.
O "Relatio Synodi", como é chamado o documento final, foi concluído
após duas semanas de estudos dos problemas da família moderna em todos
os continentes, com o objetivo de tentar abrir a Igreja às uniões
livres, aos divorciados e aos homossexuais, embora estes dois últimos
temas tenham gerado reticências. No total, 183 padres sinodais
participaram da votação, e cada ponto dos 62 parágrafos do documento foi
submetido a votação.
Três pontos não tiveram a maioria de dois terços necessária, o da
homossexualidade e o acesso à comunhão para os divorciados que tornam a
se casar, informou o Vaticano. Toda a documentação, tanto os rascunhos
quanto as correções, foi divulgada pelo Vaticano.
Havia expectativa de uma abertura à união de casais do mesmo sexo, já
que no começo desta semana, os primeiros rascunhos deste documento
indicavam uma grande mudança de tom sobre a participação dos gays na
igreja. Um texto afirmava que os homossexuais têm “dons e qualidades a
oferecer” e indagou se o catolicismo pode aceitar os gays e reconhecer
aspectos positivos de casais do mesmo sexo.
"O Papa pediu que fosse publicado tudo, com total transparência, o
que mostra um alto grau de maturidade", disse Manuel Dorantes, um dos
porta-vozes. O texto será divulgado em todas as dioceses do mundo,
juntamente com um questionário, e servirá de base para o próximo sínodo,
programado para outubro de 2015. "Temos um ano para amadurecer",
afirmou o Papa, que elogiou o vigor dos debates. "Se não tivesse havido
discussões acaloradas, teria ficado preocupado", comentou, diante dos
bispos.
Fonte:G1
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