O Banco Central intensificou a
alta de juros nesta quarta-feira e elevou a Selic em 0,50 ponto
percentual, a 11,75 por cento ao ano, em decisão unânime, mas deixou em
aberto seus próximos passos, em meio a um cenário de inflação
pressionada e mudanças na condução da política econômica.
"O Copom decidiu,
por unanimidade, intensificar, neste momento, o ajuste da taxa Selic",
disse o Comitê de Política Monetária em comunicado. "Considerando os
efeitos cumulativos e defasados da política monetária, entre outros
fatores, o Comitê avalia que o esforço adicional de política monetária
tende a ser implementado com parcimônia."
Essa foi a última reunião do Copom deste ano e que
acabou levando a taxa básica de juros ao maior nível em mais de três
anos.
O movimento reforçou as sinalizações feitas pela nova
equipe econômica da presidente Dilma Rousseff --encabeçada Joaquim Levy,
na Fazenda, Nelson Barbosa, no Planejamento, e Alexandre Tombini, que
se mantém no BC-- de maior ortodoxia na condução da política econômica,
com maior rigor fiscal e combate à inflação. "As expressões
"neste momento" e com parcimônia" sugerem que o Copom não está se
comprometendo a fazer um ajuste tão forte nas próximas reuniões. Ele
deixou aberto o que vai fazer à frente e isso vai depender de uma série
de variáveis, como a política fiscal, a definição sobre o programa de
swaps, a reunião do BCE e outros", avaliou o economista-chefe do Banco
J.Safra, Carlos Kawall.
Pesquisa Reuters realizada na semana passada mostrou
que os analistas consultados estavam divididos sobre o tamanho da alta
na taxa básica de juros agora, entre 0,25 e 0,50 ponto percentual, mas
no mercado de juros futuros a aposta majoritária era de alta de meio
ponto percentual.
O BC já vinha dando sinais de que optaria pela alta
maior da Selic agora. O mais contundente veio do seu diretor de Política
Econômica, Carlos Hamilton Araújo, no mês passado, ao afirmar que o BC
poderia ampliar o aperto monetário caso fosse necessário para domar a
inflação.
No fim de outubro, o Copom deu início ao atual ciclo de
aperto monetário ao elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto
percentual, em uma decisão surpreendente e que não contou com o apoio de
todos os membros do comitê.
Fonte:Reuteres
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