Cidade do Vaticano,
14 dez (EFE).- O papa Francisco não se reuniu com o Dalai Lama porque
isso poderia "criar problemas entre a China e o Vaticano", afirmou neste
domingo à Agência Efe uma porta-voz do líder espiritual tibetano.
O Dalai Lama se encontra em Roma para participar da 14ª Cúpula
Mundial de Prêmios Nobel da Paz, que conclui hoje e à qual não
compareceu o papa, que discursou por meio de um comunicado lido durante a
cerimônia de abertura.
Segundo a porta-voz, Silvia Negri, o Dalai Lama "pediu uma audiência"
com o pontífice, mas seu secretário de Estado, Pietro Parolin, lhe
disse que "isso podia causar problemas entre a China e o Vaticano".
Perguntado a este respeito durante a entrevista coletiva final da Cúpula, o Dalai Lama disse que aceitava a postura da Santa Sé.
"Sou um homem pacífico, mas há gente que me evita. Não há problema. Eu aceito", declarou entre risos.
Pequim critica todos aqueles líderes que se reúnem com o Dalai Lama,
como ocorreu em 2012 ao primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron,
cujo encontro com o líder tibetano foi considerado pelas autoridades
chinesas como uma "afronta".
O Dalai Lama fugiu para a Índia em 1959, após o fracasso de uma
rebelião dos tibetanos contra a ocupação do regime comunista, e vive no
exílio em Dharamsala desde então.
A China considera o Tibete parte do país há séculos, enquanto os
tibetanos no exílio alegam que o território era virtualmente
independente na primeira metade do século XX, até que os comunistas de
Mao Tsé-tung o invadiram em 1951.
Por sua parte, tanto a China como a Santa Sé manifestaram sua vontade
de melhorar suas relações diplomáticas, inexistentes desde 1951 pela
excomunhão de dois bispos designados por Pequim por parte de Pio XII, ao
que as autoridades chinesas responderam com a expulsão do núncio
apostólico, que se assentou na ilha de Taiwan.
Para retomar as relações diplomáticas, Pequim exige que o Vaticano
rompa previamente com Taiwan e não "interfira" nos assuntos internos
chineses.
Durante a viagem de Francisco a Coreia do Sul, no último mês de
agosto, o avião papal pôde sobrevoar pela primeira vez o espaço aéreo da
potência asiática, a cujas autoridades o papa enviou um telegrama com
seus "melhores desejos".
O fato de que Pequim aprovasse a rota sobre seu espaço aéreo do avião
papal foi interpretado como um sinal de relaxamento nas tensas relações
entre China e o Vaticano, já que em uma viagem similar a Coreia do Sul
em 1989, o país asiático negou essa possibilidade a João Paulo II.
Na China existem entre 8 e 12 milhões de católicos, segundo dados do
Vaticano, divididos entre os pertencentes à igreja oficial - controlada
pelo governo comunista - e a clandestina, em comunhão com Roma e
perseguida por Pequim
Fonte:EFE
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