RIO DE JANEIRO
(Reuters) - O diretor de Regulação e de Assuntos Internacionais do Banco
Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou nesta segunda-feira que o
BC fará "o que for necessário" para fazer a inflação convergir para o
centro da meta até 2016, mas ao mesmo tempo o país terá de ser
"especialmente cauteloso" diante do cenário internacional.
"O objetivo é fundamental: convergência da inflação
para a meta fazendo o que for preciso para que isso ocorra em 2016",
disse o diretor ao participar de evento no Rio de Janeiro.
A meta do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com
margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. O indicador tem
rondado acima do teto estipulado, o que levou o BC a iniciar novo ciclo
de aperto monetário em outubro passado.
Os comentários de Awazu vão na mesma linha de
declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, de quinta-feira,
quando afirmou que o banco fará "o for necessário" para viabilizar um
cenário de inflação mais benigno em 2015 e 1016.
O diretor do BC disse ainda que será preciso ser
"especialmente cauteloso" durante a transição que "coincidirá com um
momento complexo das economias internacionais", referindo-se à
assimetria na recuperação dos Estados Unidos, Europa, Japão e China e da
recente queda nos preços do petróleo.
"Nossa transição deverá demonstrar muito diretamente
que a política monetária pode e deve conter os efeitos de segunda ordem
deles decorrentes e que estamos muito bem preparados com o nossos
"buffers" para as decisões que poderão vir no final de 2014 e 2015",
afirmou ele.
Awazu também afirmou que agora é preciso que o país
volte a ter neutralidade no balanço fiscal do setor público e crie
condições para uma política restritiva, reforçando o discurso do BC de
que a política fiscal será importante para domar a inflação.
"Para reanimar o investimento, fortalecer os efeitos
multiplicadores das nossas concessões e obras de infraestrutura,
precisamos agora voltar à neutralidade do balanço do setor público e
criar as condições de uma migração para a zona de consolidação fiscal
contracionista. Em particular, teremos que fazer escolhas difíceis mas
necessárias, diante das restrições de financiamento", afirmou o diretor.
"Eventualmente, no médio e longo prazo, isso criará uma
percepção positiva sobre o ambiente macroeconômico com efeitos
positivos sobre a confiança, sobre o custo de financiamento da dívida
pública, sobre o custo de capital de modo geral, o que estimulará o
investimento privado e será "in fine" expansionista", acrescentou.
Sem conseguir cumprir a meta de superávit primário nos
últimos anos, o governo viu a confiança dos agentes econômicos ser
abalada. A nova equipe econômica --encabeçada pelos ministros indicados
Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejament0), além de
Alexandre Tombini à frente do BC-- tem perfil mais ortodoxo e prepara
medidas de contenção fiscal.
Fonte:Reuteres
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