A inflação oficial do país, medida pelo
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 1,32% em março,
depois de avançar 1,22% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior desde fevereiro de
2003, quando atingiu 1,57%, e a mais elevada desde 1995, considerando
apenas o mês de março.
Em 12 meses, o indicador acumula alta de 8,13%, a maior expansão
desde dezembro de 2003 (9,3%). A estimativa mais recente do boletim
Focus, do Banco Central, apontava que os economistas do mercado
financeiro previam que o IPCA atingisse 8,2% no final deste ano. O valor
está bem acima do teto da meta de inflação do BC, de 6,5%.
"O que a gente analisa em 12 meses é que o consumidor está pagando
mais para vários produtos, mas principalmente para se alimentar e para
morar”, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços
do IBGE.
No primeiro trimestre, o índice ficou em 3,83%. Em março de 2014, o IPCA havia atingido 0,92%.
“Lá em 2003, o ano vinha trazendo inflação que começou no segundo
semestre de 2002. O ano de 2002 fechou com inflação de 12,52%. E teve o
efeito do dólar. A característica do primeiro trimestre de 2003 tem
pontos em comum com esse ano, mas o perfil é diferenciado. Porque ali
foi uma mega desvalorização do real que influenciou os preços, por conta
das eleições, influenciou a alta do dólar e isso se descarregou ainda
no primeiro trimestre de 2003”, analisou.
O vilão da inflação de março foi a energia elétrica, representando
mais de 50% do índice geral. O aumento médio foi de 22,08%. Segundo o
IBGE, com a revisão tarifária aprovada pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), houve aumentos extras, que acabaram impactando na
inflação do mês.
"Com os aumentos ocorridos, o consumidor está pagando neste ano, em
média, 36,34% a mais pelo uso da energia, enquanto nos últimos 12 meses,
as contas já estão 60,42% mais caras", diz o IBGE, em nota.
Em março, durante a divulgação do IPCA de fevereiro, o IBGE já havia
dito que o reajuste das tarifas de energia elétrica de diversas
concessionárias do país e o aumento na taxa extra das bandeiras
tarifárias, cobrada nas contas de luz quando há aumento no custo de
produção de energia, poderiam impactar a inflação oficial.
A energia elétrica está dentro do grupo de gastos com habitação. Por
isso, a variação de preços do grupo foi a maior entre todos os outros
pesquisados, de 5,29%. No mês anterior, havia sido menor, de 1,22%.
Na sequência, estão as despesas com alimentação e bebidas, cujos preços subiram 1,17%, depois de avançar 0,81% no mês anterior.
No grupo de gastos com transportes, houve uma desaceleração da alta
de preços, de 2,20% para 0,46%. A gasolina ficou 1,26% mais cara e o
ônibus urbano, 0,85%.
“Houve uma influência forte da energia, ônibus, realinhamento das
tarifas de ônibus - muitas não aumentaram ano passado -, a gasolina.
Basicamente tarifas, pressão forte das tarifas com alimentos também”,
explica Eulina.
Ficaram mais baratos os itens passagens aéreas (-15,45%) e telefone fixo (-4,13%).
“Nesse primeiro trimestre, o país está vivendo pressão do dólar, que
afeta produtos importados, insumos, mas além da pressão do dólar, a
gente tem o realinhamento dos preços administrados, com pressão forte da
energia elétrica, realinhamento dos preços da gasolina. Aumento de
imposto não só sobre a gasolina, mas também itens caros de consumo da
população, como automóvel”, completou.
Inflação em Porto Alegre
O maior índice, na análise regional, partiu de Porto Alegre (1,81%),
pressionado pela energia elétrica (27,21%) e pelo ônibus urbano
(7,97%).Os menores índices foram os de Recife (0,56%) e Belém (0,58%).
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também divulgado pelo
IBGE, apresentou variação de 1,51% em março, após avanço de 1,16% em
fevereiro. No primeiro trimestre do ano, o índice tem alta de 4,21% e,
em 12 meses, de 8,42%.