O Superior Tribunal de Justiça (STJ)
aceitou, pela primeira vez, um Habeas Corpus escrito em um papel
higiênico por um preso. O material chegou ao prédio do tribunal na
última segunda-feira (20) em uma carta simples enviada pelos Correios e
endereçada ao presidente do STJ, ministro Francisco Falcão. O conteúdo
da carta surpreendeu a equipe da Coordenadoria de Atendimento Judicial
do tribunal, pois continha um pedido de habeas corpus, escrito de
próprio punho por um preso, em aproximadamente um metro de papel
higiênico, caprichosamente dobrado.
“Estou aqui há dez anos e é a primeira vez que vejo isso”, afirmou o
chefe da Seção de Protocolo de Petições, Henderson Valluci. A carta foi
aberta pelo mensageiro Gilmar da Silva, que também ficou surpreso.
“Achei diferente, foi a correspondência mais surpreendente que já vi
aqui”, falou.
O Habeas Corpus é conhecido no meio jurídico como “remédio heroico”,
já que pode ser impetrado por qualquer pessoa, em qualquer meio, sem a
necessidade de advogados. Seguindo o protocolo, o papel higiênico foi
fotocopiado e digitalizado, para então ser autuado. Em breve, o processo
será distribuído a um ministro relator.
Segundo o STJ, o autor está preso no Centro de Detenção Provisória
Pinheiros I, em São Paulo (SP). Na peça, ele conta que participou de uma
rebelião em 2006 e estaria encarcerado irregularmente há nove anos por
um crime já prescrito. Ele pede liberdade.
O pedaço de papel higiênico utilizado será colocado no acervo do
Museu do STJ, ao lado de outras peças curiosas, como um lençol utilizado
por um detento em 2014 para formular seu pedido de liberdade.