Rachel Sheherazade está tomada pela fúria.
Divina ou não. A apresentadora rejeita a proibição de fazer expressões
faciais no SBT Brasil. Sente-se censurada pela direção de jornalismo da
emissora.
O caso eclodiu na quinta-feira (23), quando ela bufou e fez cara de
enojada após a exibição de matéria sobre adolescentes que praticam sexo,
engravidam e contraem doenças sexuais durante bailes funk.
Sheherazade foi convocada para uma reunião de emergência com o
diretor de jornalismo do SBT, Marcelo Parada. Ele determinou o fim das
‘caretas’ de desaprovação na bancada.
A apresentadora saiu da sala inconformada. Na redação, chegou a dizer
que estava sendo vítima de censura interna. O clima entre a jornalista e
a equipe do SBT Brasil atingiu alto nível de tensão.
Rachel teria insinuado que poderia se queixar da nova proibição
diretamente com o responsável por sua contratação, Silvio Santos, dono
do canal.
Foi ele quem a trouxe da TV Tambaú, afiliada do SBT na Paraíba.
Sheherazade estreou no SBT em maio de 2011. Desde então protagonizou
várias polêmicas suscitadas por seus comentários diante das câmeras.
A maior delas aconteceu em fevereiro do ano passado, quando a âncora
defendeu a ação de pessoas que prenderam um assaltante menor de idade a
um poste, no centro do Rio. Classificou o ato de “legítima defesa
coletiva”.
O comentário gerou protestos de entidades, políticos e uma ação do
Ministério Público Federal contra o SBT. A repercussão negativa fez a
direção da emissora suspender o espaço para opiniões pessoais no
telejornal.
Evangélica e com ideologias de direita, Rachel Sheherazade não
esconde as influências da religião e de seu pensamento político na
atividade como jornalista, seja no SBT, na Rádio Jovem Pan, em seu blog
ou nas redes sociais.
Esse posicionamento cristão e anti-esquerda (ela participou com o
marido e os filhos dos protestos contra o governo e a corrupção, em
março), a fazem ter muitos admiradores — e quantidade proporcional de
desafetos e haters.
No ano passado, o contrato de Sheherazade com o SBT foi renovado até
2018. Houve a promessa de um programa solo, no qual ela teria 100% de
liberdade para expor opiniões. O projeto não saiu do papel.
O evidente descontentamento da apresentadora com o canal de Silvio
Santos projeta uma possível troca de emissora. Isso quase aconteceu em
2014, quando a Band se mostrou interessada em tê-la como estrela de
telejornal ou programa de entrevistas.
O blog apurou que diretores da cúpula da Record aprovariam sua
contratação. Em um momento de ascensão de audiência, o jornalismo da
emissora de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, não
tem nenhum âncora tão midiático como Sheherazade.