O Brasil não se preparou para o envelhecimento de sua população e não
tem estruturas adequadas para garantir dignidade e autonomia aos
idosos, afirmou hoje (15) a presidenta do Departamento de Gerontologia
da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Maria Angélica
Sanchez. Segundo a médica, um dos reflexos da falta de condições
adequadas de moradia e de sobrevivência são os episódios de agressão aos
mais velhos.
De acordo com Maria Angélica, não faltam políticas brasileiras para
garantir o bem-estar do idoso. No entanto, normas como as da Política
Nacional do Idoso, de 1994, e do Estatuto do Idoso, de 2003, não foram
colocadas em prática pelos governos municipais, estaduais e federal. “No
Brasil, o arcabouço legal é avançado, mas o país envelheceu sem estar
preparado”, disse a geriatra àAgência Brasil. Nesta data é comemorado o
Dia Mundial de Combate à Violência contra o Idoso.
Segundo a médica, países europeus, como a França, desenvolveram
políticas para evitar o abandono e garantir o mínimo de autonomia para
os mais velhos. Em Paris, por exemplo, a prefeitura paga cuidadores para
visitá-los todos os dias em casa e ajudar em tarefas básicas, como
banho, remédios e comida. Enfermeiros também visitam os idosos e dão
atendimento em saúde, evitando o deslocamento para hospitais e a ida
para instituições de longa permanência.
Pesquisadora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Maria
Angélica sugere que, no Brasil, além da ajuda para o idoso continuar
morando sozinho, deveriam ser criadas mais unidades com profissionais de
várias áreas, onde as famílias possam deixar os mais velhos de dia e
buscá-los à noite, os chamados “centros-dia”. “Essa é uma forma de
garantir que as pessoas não precisem sair do mercado de trabalho para
cuidar dos parentes.”
Na opinião da especialista, tais opções desafogam as superlotadas
instituições públicas de longa permanência, cuja maioria não tem
infraestrutura adequada. “As instituições filantrópicas mais baratas são
mal equipadas e têm equipes despreparadas. E algumas são mantidas por
instituições religiosas que não têm muitos recursos – a situação é
lastimável.”
Fonte:ag brasil
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