O Senado Federal aprovou nesta segunda-feira (13) a MP do Futebol,
medida provisória que trata do refinanciamento das dívidas dos clubes de
futebol com o governo federal, estimadas em R$ 4 bilhões. Para que haja
a renegociação das dívidas, as entidades deverão se submeter a regras
de gestão mais transparentes e responsáveis do ponto de vista fiscal.
Caso não cumpram as exigências, estarão sujeitas a punições.
O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e segue agora para
sanção presidencial. A MP foi enviada para análise do Congresso Nacional
em 19 de março pela presidente (veja vídeo abaixo) e perderia a
validade na próxima sexta (17) caso não fosse aprovado pelo Senado.
Antes da votação do texto, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), recebeu em seu gabinete presidentes de diversos clubes de
futebol. Para o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, a
aprovação do texto dará "uma oportunidade para os clubes sobreviverem".
"Acho que é justo que um clube como o Botafogo, que é o que mais cedeu
jogadores para a seleção em Copas do Mundo, receba ajuda para pagar suas
contas. A MP vai dar uma oportunidade para os clubes sobreviverem,
tomarem fôlego", disse Pereira.
A votação da MP foi simbólica, quando não há contagem nominal dos votos,
e teve poucas manifestações contrárias. O senador Reguffe (PDT-DF), um
dos senadores que votaram não, disse que a medida provisória reduzi 70%
das multas, 40% dos juros e 100% dos encargos legais das dívidas dos
clubes. "Como estou do lado do contribuinte, de quem paga as obrigações
em dia, não posso concordar com esse texto", afirmou o senador.
O senador Zezé Perrella (PDT-MG), que já presidiu o Cruzeiro em três
oportunidades, comemorou a aprovação do texto. Ele afirmou ainda que a
maioria dos clubes brasileiros chegou na situação atual de endividamento
por "problemas de gestão."
"Às vezes, grandes empresários que geriam bem suas empresas, quando
chegaram para gerir os clubes, faziam isso com o coração. Para ganhar um
campeonato, por exemplo, faziam qualquer coisa", disse, complementando
que com a medida isso não ocorrerá novamente.
Gestão e responsabilidade fiscal
A medida estabelece que será criado o Programa de Modernização da Gestão
e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut). Para
aderir ao programa, cada time interessado em renegociar sua dívida terá
de cumprir uma série de exigências.
O pagamento da dívida dos clubes poderá ser feito em até 240 meses
(20 anos). Em caso de descumprimento do contrato de refinanciamento, o
clube não poderá se beneficiar de incentivo fiscal ou repasse de recurso
público federal pelo prazo de dois anos. Atualmente, diversos clubes
brasileiros são patrocinados por estatais, como a Caixa Econômica
Federal.
Entre os requisitos, está a exigência de, por exemplo: manter em dia
as obrigações trabalhistas e tributárias; fixar mandato de quatro anos
para os cargos eletivos de direção; e publicar na internet, em site
próprio, a prestação de contas após ter sido submetida à auditoria
independente.
Para participar de campeonatos organizados pela Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) ou pelas federações estaduais, os clubes
deverão apresentar, 60 dias antes do início dos jogos, documentos como a
Certidão Negativa de Débito e o comprovante de que estão em dia com o
recolhimento de FGTS e com os salários dos atletas. O clube que não
obedecer a esses itens será imediatamente rebaixado de divisão.
A medida provisória estipula ainda mandato máximo de quatro anos com
direito a uma reeleição para os dirigentes de clubes, federações e da
CBF.
A escolha dos dirigentes da CBF passará a ter a participação de
representantes de agremiações da segunda divisão nacional, assegurada a
representação de, pelo menos, uma agremiação de cada estado e do
Distrito Federal. Hoje, o direito a voto na eleição é restrito aos
clubes da série A e das federações.
Folha de pagamento dos jogadores
Os clubes também não poderão comprometer mais do que 80% da sua receita
bruta anual com a folha de pagamento e direitos de imagens dos
jogadores. O texto original previa que o teto fosse de 70%, mas o texto
foi alterado pela Câmara.
A medida provisória também autoriza a criação de mais uma loteria
para ajudar nos cofres dos clubes: a Loteria Instantânea Exclusiva
(Lotex), que será realizada pela Caixa e terá como tema as marcas,
emblemas e escudos dos times. Hoje, os clubes já contam com a Timemania,
que é similar à Lotex.
A MP também exige que os clubes invistam no desenvolvimento do
futebol feminino e nas categorias de base com recursos provenientes da
Lotex.
Fonte:G1- foto: Marcos Oliveira- Ag Senado
|