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Palanque duplo em SP é vantagem ou desvantagem para Alckmin? |
Data Publicação:23/03/2018 |
De duas uma. Ou Geraldo Alckmin ainda não percebeu o enrosco ou o duplo palanque em São Paulo é parte da estratégia.
João Doria, o pré-candidato tucano ao governo de São Paulo, foi durante um tempo a principal ameaça aos planos de Alckmin para a Presidência. Há quem diga que ainda o é.
Eleito por uma onda antipetista em São Paulo, o futuro ex-prefeito já não é sombra do político em ascensão sentado no discurso do gestor antipolítico. Uma série de vai-e-vem e medidas atrapalhadas, como a farinata para pobre que não tem “hábitos alimentares”, minaram a sua popularidade.
Ainda assim, ele aposta que vai compensar a eventual rejeição do paulistano com o abandono do cargo com a força tucana no interior. O PSDB governa São Paulo desde 1994.
Alckmin, porém, não terá só um palanque em São Paulo. Terá dois. E, em política, um mais um nunca é (apenas) dois.
Se quiser se manter no cargo que assumirá com a saída do governador, Márcio França (PSB) já sabe quem será seu maior obstáculo – dois anos não foram suficientes para minimizar a onda antipetista no maior reduto tucano, o que deve dificultar a vida de qualquer postulante do partido ao Palácio dos Bandeirantes.
A briga, até aqui, é entre o atual vice e o atual prefeito, ambos aliados do governador.
A artilharia entre eles já começou.
“Ele está na extrema-esquerda”, disse Dória, já piscando para o eleitor que ainda jura viver na Guerra Fria.
“Doria não tem palavra”, rebateu França, que se alia ao PDT e PCdoB. Para ele, a crítica do futuro ex-prefeito é “meio infantil”.
Apesar da réplica, o pré-candidato do PSB diz preferir o estilo conciliador, lembrando se dar bem com tucanos e petistas. Em contraste com Doria, é ele quem parece adotar a linha assumida por Alckmin até aqui: um estilo paz, amor e união. Além disso, França terá a máquina do governo paulista a seu favor.
Segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, dirigentes tucanos tentam convencer o ainda governador a percorrer o estado de braços dados com Doria a partir de abril, quando ambos deixam os cargos.
Aliados de Alckmin, que manteve distância estratégia nas prévias, dizem, segundo a coluna, que ele não topará: já consolidado na região, a prioridade é percorrer cidades onde é menos conhecido.
Doria, que contou com a força do padrinho político para se eleger na capital, poderá encarar a empreitada praticamente sozinho e com o partido rachado, como mostram as declarações do desafeto Alberto Goldman e dos outros pré-candidatos tucanos na disputa.
Para não se indispor com nenhum aliado, o presidenciável tucano, por enquanto, só observa. Se Doria conseguir levantar o palanque sozinho, bom para ele. Se o projeto fracassar, Doria fica sem posto e fora da órbita. E Alckmin se livra de uma sombra.
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