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Babalorixá fala sobre Fake News contra Marielle: continuaram com a crueldade após a morte |
Data Publicação:27/03/2018 |
Uma semana após a brutal execução da vereadora do PSOL, Marielle Franco, muito há o que se discutir, refletir sobre corpos negros, sobre dor e levante.
O Babalorixá e doutorando em Antropologia pela PUC-SP Rodney William, do Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá, veio a convite do Justificando trazer o Luto como verbo conjugado na primeira pessoa do presente ante essa absurda execução.
Pai Rodney de Oxóssi se indignou com as fake news levantadas sobre a morte da vereadora que se tornou símbolo mundial: “Isso me fez voltar um pouco no tempo, naquela época da escravidão, em que não bastava matar os nossos, era preciso esquartejar, era preciso que a crueldade prosseguido depois da morte. Eu sinto que depois da morte, a gente tem isso renovada com a morte da Marielle”.
Pai Rodney identifica que o que tem incomodado na morte da Marielle é o fato de que a discussão sobre racismo, tão invisibilizada, ter vindo à tona com a execução: “De certa forma, quando a gente bota a morte da Marielle na conta do racismo, na conta do genocídio, do feminicídio, isso incomoda aqueles que não querem ouvir falar dessas coisas, aqueles que traduzem nossa dor naqueles neologismos tão infames que são vitimismo ou mimimi e que, de certa forma, menosprezam, passam por cima da nossa dor como se não tivesse nenhum valor, nenhum sentido e isso continua sendo a velha estratégia desse mito que a gente vive, do fato das elites terem se apropriado do mito da miscigenação e terem transformado a luta racial nesse país em algo que não tem sentido”
Rodney fala ainda sobre a resistência inspirada nos ancestrais, nas rodas de insurgência do povo negro nesse país e afirmou que vê uma revolução acontecendo. “Eu acredito na revolução e a revolução que eu já vejo acontecendo é uma revolução preta, crespa e feminina”.
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