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Recuso-me a chamar de juiz e promotor os responsáveis pela laqueadura em Janaína
Data Publicação:26/06/2018
Sentado, com as duas mãos no rosto, cotovelos nos joelhos e aos prantos – assim recebi a notícia de que Janaína fora submetida à cirurgia de laqueadura contra a sua vontade.

Que espécie de pessoa seja eu, não poderia dizê-lo. Mas, seja lá como for, uma qualidade, ao menos, posso abonar a mim mesmo: a de não ser Djalma Moreira Gomes Júnior e Frederico Barrufini – os (principais) responsáveis pela laqueadura em Janaína.

Deixais que a desonrassem-na, que a desmoralizassem; deixais que a humilhassem-na, que a vilipendiassem; tudo isso porque Janaína “era vista constantemente andando pela rua com sinais abusivos de álcool e drogas”. Ora essa, como se os livros simplificados que possibilitaram a aprovação de ambos, em seus cargos, não fossem drogas muito mais abusivas e letais do que aquelas ingeridas por Janaína.

Em suma, não reconheceram aquilo que, segundo Kant, é o mais caro a qualquer pessoa: ser um fim em si mesmo e, por isso, não poder ser relativizado, dado que a ninguém – absolutamente ninguém – é autorizado utilizar outrem como um meio para alcançar qualquer fim – seja ele qual for. Insustentável, por isso, o argumento de Frederico Barrufini, de que “somente a laqueadura poderia proteger a vida de Janaína e dos filhos”.

Eis por que recuso-me – veementemente! – a chamar Frederico Barrufini e Djalma Moreira Gomes de Promotor de Justiça e Juiz de Direito, respectivamente.

Afinal de contas, a eles, pelo lugar que ocupam, foi dada a missão primeira de garantir a dignidade da pessoa humana, mas ela (ou seria melhor dizer: elas, Janaína e a dignidade da pessoa humana) foram transformadas em um nada, dado que eles não responderam corretamente à função que lhes foi confiada pela nação.

Em suma, tornaram pó o juramento que fizeram de respeitar a Constituição! E toda essa degeneração, esse infortúnio, essa ruína veio justamente daqueles cujo poder foi concedido por nós, cidadãos. Numa palavra: imperdoável!!!

Imperdoável, ademais, porque fizeram com Janaína carregasse, para sempre, a pior vergonha – a mais humilhante e radical – aquela que, segundo Calligaris, nos afasta da coletividade, sem retorno: “a vergonha de sermos quem somos.”

Nesta fria madrugada, aliás, enquanto escrevo este texto, uma palavra não sai de minha cabeça: genocídio! Mas como assim, genocídio? – indagará o leitor.


Fonte:Yahoo.com



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