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Policial Juliane teve seus últimos momentos com bebida, pegação e dança
Data Publicação:10/08/2018
Antes de ser capturada e depois morta por criminosos na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, a policial militar Juliane dos Santos Duarte, 27, teve um intenso e divertido primeiro dia de férias.

A Folha de S.Paulo teve acesso ao registro policial sobre o desaparecimento da soldado, na quinta-feira (2) da semana passada. Segundo testemunhas, a diversão começou por volta do meio-dia de quarta-feira (1), em um churrasco na casa de amigos em Paraisópolis, comunidade com pouco mais de 60 mil habitantes, dominada pela facção criminosa PCC e um dos maiores pontos de venda de drogas da cidade.

No churrasco, Juliane conheceu Marta, 20, e Paula, 23 (nomes fictícios). Elas beberam juntas na casa dos amigos e, após o churrasco, por volta já da meia-noite de quinta-feira, foram juntas para a casa de Marta, também na comunidade.

No meio da madrugada, por volta das 3h, a cerveja acabou, e Juliane e Paula saíram em caminhada pela favela em busca de mais bebida. Marta ficou em casa.

Na primeira tentativa, as duas deram de cara com as portas fechadas do primeiro mercadinho. Juliane e Paula decidiram então pegar as cervejas na única opção da rua, o bar do Litrão, que, além da bebida, oferece porções salgadas. "Venha conferir!!!", convida a frase em vermelho na porta do estabelecimento.

Como descrito no boletim de ocorrência, o objetivo inicial da policial era apenas comprar um engradado e voltar com Paula para a casa de Marta. Mas ali no bar, segundo testemunhas, conheceu uma bela moça de 25 anos, cabelos vermelhos e pela branca, com quem logo passou a trocar beijos.

O romance com a ruiva foi interrompido temporariamente porque Paula estranhou a demora das amigas e foi até o bar atrás de Juliane e Marta. A policial se despediu da ruiva, mas logo depois convenceu Paula e Marta para retornarem ao bar para comer alguma coisa.

De volta ao estabelecimento, tão logo pediu uma cerveja, Juliane seguiu com a jovem ruiva para o banheiro do bar e lá ficaram por bastante tempo, conforme diriam as amigas mais tarde à polícia.

Quando retornou ao salão do bar, Juliane cometeu um erro de procedimento, segundo avaliam policiais ouvidos pela reportagem. Ela se expôs em um ambiente vulnerável. A soldado ouviu um desconhecido reclamar do furto de celular ali no estabelecimento e decidiu agir: sacou sua pistola .40, bateu-a sobre a mesa e avisou ser da PM. Disse que ninguém sairia daquele estabelecimento sem a devolução do telefone.

Talvez tudo tenha sido um mal-entendido. Como diriam as amigas, não demorou para que a PM colocasse a arma de volta na cintura e começasse a dançar com a ruiva no meio do salão.

Cerca de 40 minutos depois, porém, quando o dia já amanhecia, o bar foi invadido por quatro homens armados e encapuzados. Os bandidos queriam saber quem era a pessoa que anunciara ser policial naquela favela dominada por uma facção criminosa. Todos se calaram, incluindo a policial.

Quando os criminosos cercaram Juliane e iniciaram uma revista, as duas amigas saíram correndo sem olhar para trás e só escutaram um disparo. Minutos depois, já dentro de casa, ambas escutaram um novo estampido. Ao imaginar o pior, decidiram volta ao bar.

Lá, viram Juliane caída ao chão, consciente e pedindo baixinho para que as amigas não deixassem os bandidos pegarem sua carteira com sua funcional (identificação de PM). A mãe de Marta, que acompanhava a filha, decidiu arriscar e pegar a carteira, numa aparente distração dos criminosos, mas recebeu deles o aviso de que também morreria se continuasse. Parou.

A última notícia que amigas tiveram de Juliane é ela sendo arrastada pelos bandidos rua abaixo. A polícia acredita que, pelos exames periciais, a PM ficou até sábado ou domingo em poder dos criminosos e, só então, foi morta com um tiro na cabeça. Provavelmente com a própria arma.

O corpo da soldado foi achado no início da noite de segunda-feira (6) no porta-malas de um carro no bairro de Jurubatuba, a 8,5 km de onde havia sido vista pela última vez. Dois suspeitos já foram presos.

Em seu velório, amigas diziam que Ju, em breve, estará fazendo festa no céu. "Ela era festeira, ia querer assim. Deve estar embebedando os anjos no céu", disse a auxiliar administrativa Thaiany Iafrate, 24, amiga da policial.


Fonte:Yahoo.com



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