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Quase-vice de Bolsonaro, príncipe diz que 1889 foi o verdadeiro golpe militar |
Data Publicação:11/08/2018 |
Golpe mesmo não foi 1964 ou 2016, como a esquerda gosta de dizer. Em 1889, aí sim, cabe usar o termo sem medo de cometer incorreções históricas, diz Luiz Philippe de Orleans e Bragança, trineto da Princesa Isabel, tetraneto do Pedro 2º, pentaneto do 1º e hexaneto de dom João 6º.
"É quando você tem o golpe da República. Foi um retrocesso, aí você tem a ditadura militar", afirma sobre os primeiros anos do Brasil pós-regime monárquico, sob tutela primeiro do generalíssimo Deodoro da Fonseca, depois do marechal Floriano Peixoto.
Por uns dias, Luiz Philippe virou o "plano b" de outro egresso da carreira militar, Jair Bolsonaro -ou o "plano p", de "príncipe", como brincou um aliado do candidato à presidência da República, essa instituição vista com ressalvas pelo membro da família real.
O presidenciável precisava escolher um vice, e outros nomes cogitados não foram para a frente. Caso do pastor Magno Malta, do astronauta Marcos Pontes, do general Augusto Heleno e da jurista Janaina Paschoal.
O príncipe começou a crescer na bolsa de apostas, mas Bolsonaro acabou optando por um militar tal qual ele, o general Antonio Hamilton Mourão. Uma escolha natural, pois os colegas de farda se conheciam há mais tempo, enquanto eles tiveram poucas oportunidades de trocar ideias, diz o preterido.
A simpatia em torno de Luiz Philippe, que vai tentar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSL de Bolsonaro, se deu em grande parte porque:
1) Credenciais conservadoras ele, que liderou um movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), sem dúvida tinha;
2) Seria um bom contraponto ao estilo espoleta de Bolsonaro. Enquanto o deputado polemiza com frases como "se o filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele", o príncipe é um "lord". "Meu autêntico é ser formal pra c...", ele afirma à Folha sem, desnecessário dizer, completar o palavrão.
"Até já recebi reclamações... 'Luiz Philippe, você abre a boca e já te colocam como elite!", brinca sobre o estilo formal de ser.
Mas ele é, oras, e de uma elite real. Só que é pelo ativismo político que este Orleans e Bragança vem se destacando. Lá pelo fim de 2014, ele ajudou a fundar o Acorda Brasil, um dos movimentos que tomaram as ruas para derrubar a petista Dilma (missão completa dois anos depois).
Um dos fatores que acordaram Luiz Philippe, segundo o próprio, foi a "burocracia petrificante" no país. Uma síntese desse seu pensamento está em seu "Por Que o Brasil É um País Atrasado?" (ed. Novo Conceito, 2017): "Um Estado totalitário buscará dominar todo o ecossistema político. Ele será limitado apenas pela eficácia do governo e da burocracia".
O viés de seu movimento, afirma, "é reformista, para reformar o Estado", que em sua opinião precisa meter menos o bedelho tanto na economia quanto na família brasileira.
Ele, afinal, "é um liberal, mas não um libertário". Ou seja, acredita num Estado mínimo, mas zela por valores conservadores, como o repúdio ao aborto ("é infanticídio"). "E o conservador preza pela não intervenção do Estado na família."
Filho de militar, Luiz Philippe nunca foi de esquerda, mas também não era muito engajado. Por anos trabalhou e estudou fora: um mestrado em ciências políticas na Universidade Stanford, onde aprendeu que marxismo e nazismo eram "duas ideologias de esquerda", e depois passagens por dois bancos de investimentos (JP Morgan e Lázard Frere) e um cargo de direção na Time Warner.
Voltou ao Brasil e, em 2005, quis empreender. Gostava de motos desde que um tio lhe ensinou a pilotá-las, ainda na infância. Abriu, então, um negócio de motopeças.
Ele já se sentia "asfixiado" pelos entraves burocráticos em seu país natal. A gota d'água foi 2014, quando o governo Dilma Rousseff emplacou a narrativa de que a economia nacional ia bem, obrigada.
"Alguns falando que o Brasil vai crescer, e eu, pequeno empresário, falando 'não está tudo bem, tem uma alta inadimplência [em seu ramo]." Luiz Philippe viu de de longe "o sinal da recessão". Dito e feito.
"Decidi agir", ele conta no saguão de seu prédio nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. Passados dois anos, no entanto, acha que o ativismo está dando sinais de desgaste. "É perda de tempo e dinheiro."
Fonte:Yahoo.com
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