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Força das Instituições é um fator fundamental que garante que o Brasil não irá virar uma Venezuela
Data Publicação:25/10/2018
Ao longo dos últimos anos no Brasil, a Venezuela se tornou um sinônimo do que existe de pior em termos de país. A nação na fronteira norte vive uma grave crise política, institucional e econômica. A economia da Venezuela, altamente dependente do petróleo, produto que é responsável por mais de 70% das exportações, está em frangalhos: 2017 foi mais um ano de uma forte queda no PIB, superior a 15%, e uma inflação estratosférica de 2616% no período.

O governo venezuelano, comandado por Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, é acusado de fraudar eleições, perseguir a oposição e a imprensa, transformando o país em uma ditadura. A situação do Brasil, porém, é bem diferente. Mesmo com todas as crises e dificuldades dos últimos anos, nosso país mantém a mesma constituição democrática desde 1988, quando ocorreu a redemocratização, uma imprensa relativamente livre e um Congresso onde é garantido a liberdade de diversos partidos com as mais diferentes ideologias.

Por uma grande parte das últimas duas décadas, boa parcela da esquerda brasileira se mostrou simpática ao processo político que ocorria na Venezuela comandada por Hugo Chávez e depois continuado por Maduro, a chamada “Revolução Bolivariana” que objetivava em levar o país ao chamado “Socialismo do século XXI”. Ainda em 1999, o deputado federal e agora candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, exaltou publicamente Hugo Chávez.

Mas os elogios do candidato do PSL ao regime chavista ficaram no passado. Hoje é muito forte em seus discursos uma visão crítica ao governo vizinho e repercute as ameaças que uma nova vitória do PT, que governou de 2003 até 2016, selaria um caminho para o país virar uma “ditadura socialista”, tal como a Venezuela. A campanha do candidato petista Fernando Haddad também usou a suposta ameaça bolivariana para atacar Bolsonaro, relembrando seus antigos elogios a Chávez e a sua condição, assim como o do ex-líder venezuelano, de militar na reserva.

Para João Alexandre Peschanski, professor de Ciência Política na Faculdade Cásper Líbero, formado em Jornalismo pela PUC-SP e em Ciências Sociais pela USP e por Harvard, mestre em Ciência Política pela USP e doutorando em Sociologia pela Universidade em Wisconsin-Madison, a comparação entre os dois países é complicada de se fazer por diversos motivos.

“A Venezuela adotou uma política de alianças que desagradou, obviamente, países poderosos, especialmente os Estados Unidos, que fizeram uma enorme pressão política contra. O segundo aspecto, é que economicamente, até com vários motivos ligados à geopolítica, você teve um investimento muito grande em apenas um principal produto. No caso da Venezuela, o petróleo, que fez com que o país se tornasse muito dependente, do ponto de vista social, dessa única commodity e a princípio o país ficou rendido às flutuações internacionais dessa mercadoria e tivemos, sistematicamente, uma crise nessa commodity”, afirma Peschanski

Ecio Costa, professor de de Economia da UFPE e consultor de empresas, acha que a questão política ajudou a fragilizar a economia do país vizinho.

“A Venezuela vem de vários governos populistas no início e ditatoriais no período mais recente, promovendo um aparelhamento institucional, com mudanças nas leis que facilitaram esta permanência no poder de Chávez e Maduro. Isto abalou a confiança de investidores internacionais que fugiram do país, ainda agravado por políticas de estatização das empresas”, observa.

Na primeira década do século XXI, o preço do petróleo subiu vertiginosamente, de menos de 30 dólares o barril em 2000, passando de 130 dólares em seu auge, em julho de 2008. Após essa marca, em decorrência da crise mundial e de outros fatores externos, a cotação despencou, especialmente entre 2014 e 2016, quando ficou abaixo dos 40 dólares. Atualmente, o petróleo se valorizou e está cotado a pouco mais de 70 dólares.

Para Peschanski a dependência de um único produto foi um erro da Venezuela: “Isso teve um impacto enorme na economia. Teve um erro, na verdade, de leitura de modelo econômico em que ao invés você deveria ter surfado na onda das commodities e investido na expansão de outros tipos de indústrias, de transformação, de base, em uma economia mais completa, mas a Venezuela acabou com o modelo muito simples e acabou sendo uma economia muito dependente.”


Fonte:Yahoo.com



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