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Jair Bolsonaro é o novo presidente do Brasil |
Data Publicação:28/10/2018 |
Jair Bolsonaro (PSL) é o 42º presidente da República do Brasil com mais de 55% dos votos neste domingo (28), dia de decisão do segundo turno das eleições. O capitão reformado do Exército foi confirmado vencedor às 19h21 com 94,44% das urnas apuradas e um número de mais de 55 milhões de votos. O petista Fernando Haddad ficou para trás com menos de 45% dos votos. O resultado já vinha sendo apontado por todas as pesquisas de intenção de voto do segundo turno.
E agora?
O Yahoo conversou com um filósofo político e um sociólogo para tentar entender ou prever como será o Brasil de 2019 com o novo presidente. E as opiniões dão conta da resolução da crise econômica e política em que o país se encontra, o fim da polarização e da revolta entre os brasileiros e do medo de retrocesso social.
“A polarização aumentou demais as expectativas das pessoas”
Para o professor Luiz Bueno, filósofo político da FAAP (Faculdade Armando Alvares Penteado), o discurso radical e violento do capitão reformado do Exército vai ter que mudar e amenizar, afinal, ele vai governar para todo o Brasil e, mesmo ganhando, uma grande parte do país votou contra ele.
“Muita gente conseguiu a validação moral de atos inaceitáveis que pensavam com as palavras de Bolsonaro”, comenta, justificando o encorajamento para que pessoas cometessem essas agressões que tivemos relatos. “Todos eram adultos e têm responsabilidade, mas houve peso político sim”, conclui.
Para o professor, o término da campanha vai fazer os ânimos “arrefecerem”. Porém, se Bolsonaro não atender as expectativas altíssimas dos seus eleitores, a população volta a se irritar e, dessa vez, unida. “Pelo histórico brasileiro, a frustração com o governo vem tão rápido quanto a expectativa, e logo vem o desânimo também. Ou Bolsonaro constrói uma visão grande de estadista, ou o povo volta a se unir, mas para criticá-lo”, afirma.
O discurso de Bolsonaro, para Luiz Bueno, mostra que ele conseguiria resolver tudo muito rápido e facilmente, já que a confiança cresceu com os resultados para o Congresso no primeiro turno, mas não é bem assim. “É muito mais difícil quanto parece, ainda mais para alguém que nunca passou pelo Executivo. Ele vai ter que trabalhar para manter a base ao seu lado. Não basta apenas uma bancada grande do próprio partido”, finaliza.
“A estabilidade do Governo necessita da estabilidade na rua”
O professor e sociólogo da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Paulo Silvino Ribeiro, é critico ao governo de Bolsonaro por pensar que é o caminho mais distante para a democracia. “Até ele tem dificuldade de explicar suas propostas, então, não dá para dizermos como vai ser. Tudo indica que será um retrocesso para as ‘maiorias populacionais’ que são, na verdade, ‘minorias eleitorais’, ou seja, negros, mulheres e população LGBTQI+”, reforça.
Apesar das discussões sobre a nova economia brasileira do guru do capitão reformado do Exército, Paulo Guedes, e do seu vice, general Hamilton Mourão, as propostas ainda são confusas. Porém, tem um ponto tão fundamental quanto esse, o social. “O eleitorado de Bolsonaro não está convencido que questões humanas são fundamentais. Aqui, no Brasil, temos a cultura do “você sabe com quem está falando” e encontraram em um líder político forte, grande, o eco desse pensamento. Ele vai levar para dentro do Estado a naturalização das desigualdades”, preocupa-se o professor.
Para Silvino, outro ponto importante de se discutir, é o desejo das pessoas de um governante autoritário. “Fiz uma viagem à Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo, cidade onde o PT foi muito presente nas gestões da Prefeitura, e encontrei, em um posto de gasolina, um cartaz escrito o seguinte: ‘Levanta-te, capitão, o Brasil precisa de você’. Levante-te, capitão. As pessoas querem um capitão para recuperar a democracia que elas acham que se perdeu com a corrupção do PT”, conclui.
Na pesquisa Datafolha do dia 17 de outubro, já entre os primeiro e segundo turnos, 76% dos eleitores evangélicos achavam que Bolsonaro era o candidato mais autoritário, mas, ao mesmo tempo, para 57% desse mesmo grupo, o ex-deputado federal era o que mais defendia a democracia.
Vale lembrar que governos autoritários, historicamente, não foram democráticos, ou seja, não ouviam e respeitavam a voz da população, do coletivo, das ruas. Aqui no Brasil, durante a Ditadura Militar (1964–1985), por exemplo, pessoas foram exiladas, torturadas e mortas por se manifestarem contra o governo. Um dos ídolos do nosso novo presidente, coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em 2015, foi condenado por torturar pessoas no período inclusive.
Fonte:Yahoo.com
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