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Adilson J. Moreira: Sobre a educação social do homem branco |
Data Publicação:26/06/2018 |
Três fatos ocorridos nas últimas semanas demonstram como a ausência de reflexão sobre a questão racial no debate público sobre direitos humanos impede que tenhamos uma compreensão adequada do papel da sociedade na motivação dos indivíduos que os desrespeitam. Muitos participantes dessa discussão desconsideram o fato que o comportamento humano deve ser compreendido a partir de uma rede de causalidades que transcende a intenção individual. Eles também não reconhecem que os sujeitos humanos são produtos sociais, motivo pelo qual não podemos explicar violações de direitos humanos apenas a partir de atos e motivos individuais.
1. O primeiro caso retrata uma violação bárbara de direitos humanos por agentes estatais. A realidade cotidiana do nosso país: a esterilização forçada de uma mulher moradora de rua. O juiz e o promotor envolvidos afirmaram que ela não teria condições de criar seus filhos em função de sua condição social. Outro membro do Ministério Público utilizou o mesmo argumento para solicitar a retirada do pátrio poder de uma mulher quilombola alguns meses atrás. Ele também argumentou que o lugar na qual ela vivia não oferecia condições adequadas para a criação de filhos. Uma mulher praticante de umbanda teve que enfrentar a realidade de perder o contato com sua filha porque um membro dessa instituição afirmou que essa religião não oferece um ambiente adequado para a formação moral de uma menina.
2. O segundo caso ocorreu na semana passada: um grupo de homens brasileiros incentiva uma mulher russa a dizer algumas palavras em voz alta, frase que fazia referência ao órgão sexual feminino. Ela não estava ciente do significado do que dizia, mas não pensou que poderia estar fazendo algo ofensivo às mulheres porque os membros do grupo eram amigáveis. A mulher em questão representa o ideal estético que os brasileiros cultuam de forma obsessiva: pessoas loiras de olhos azuis. Eles estavam tão certos da normalidade do comportamento deles que resolveram gravar e divulgar a suposta brincadeira.
3. O terceiro aconteceu em uma faculdade de direito na semana passada. Um aluno, ao tomar conhecimento que tinha sido reprovado, perguntou a um conhecido professor se ele poderia fazer um trabalho para que pudesse alcançar a nota necessária para a aprovação. O professor permitiu que o aluno fizesse a prova final mais uma vez em outra turma. O rapaz disse não poderia realizar a prova na data estipulada porque teria uma festa no escritório no qual ele trabalha. O professor, surpreendido com a resposta, sugeriu que ele faltasse à festa. O aluno disse que isso não seria possível porque as festas no escritório são muito boas e que as pessoas estavam contando com a presença dele. O jovem rapaz preferiu ser reprovado a perder a festa.
Fonte:Yahoo.com
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