A campanha eleitoral deste ano, a mais cara da história da democracia
brasileira, teve um custo total de quase R$ 5 bilhões, dos quais 60%
foram gastos por candidatos de apenas três partidos.
As candidaturas do PT, PSDB e PMDB totalizaram despesas de R$
2,9 bilhões, que se concentraram, sobretudo, em serviços de publicidade e
produção de materiais impressos e dos programas do horário eleitoral.
A conclusão é de levantamento da Folha com base nas prestações
finais de contas fornecidas pelas campanhas eleitorais ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE).
A análise considerou as despesas de todos os candidatos,
diretórios e comitês, tanto vencedores como derrotados, que concorreram
para todos os cargos que tiveram disputa neste ano.
Com o valor total gasto na campanha, de R$ 4,92 bilhões, seria
possível construir cerca de 76 mil moradias populares do programa Minha
Casa, Minha Vida e quase quatro estádios similares ao Itaquerão, na
zona leste da capital paulista.
Em 2010, foram disputadas duas vagas no Senado em cada Estado,
o dobro de 2014. Mesmo assim, o custo da campanha eleitoral deste ano
foi maior: superou em 2% o total gasto na corrida passada, quando foram
investidos R$ 4,83 bilhões, valor corrigido pela inflação do período.
A disputa eleitoral que teve a maior quantia de gastos foi ao
cargo de deputado estadual (R$ 1,2 bilhão), da qual participaram 17 mil
candidatos. Na sequência, as que tiveram mais despesas foram para os
cargos de governador (R$ 1,1 bilhão) e de deputado federal (R$ 1
bilhão).
Os gastos em publicidade representaram metade do total
investido pelos candidatos na disputa eleitoral deste ano, seguidos por
despesas com pagamento de pessoal e com custos de transporte.
Doadores
Como em campanhas passadas, as grandes empresas foram as
maiores financiadoras da disputa eleitoral deste ano. As dez maiores
doadoras abasteceram as candidaturas com R$ 1 bilhão, ou seja,
financiando um quinto do total de gastos feitos nas eleições.
A campeã foi a JBS, dona do frigorífico Friboi. A empresa, que
despontou no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como a
maior indústria de carnes do mundo, tornou-se a maior financiadora da
campanha eleitoral deste ano, com um investimento de R$ 391 milhões.
Na sequência, tiveram destaque o grupo Odebrecht, que controla
uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, com R$ 111
milhões, e o Bradesco, que doou R$ 100 milhões aos partidos.
O predomínio de grandes corporações no financiamento de
campanhas eleitorais é um dos temas que o governo gostaria de incluir no
debate sobre reforma política que promete abrir no próximo ano.
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga desde o final do ano
passado pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para que seja
declarado inconstitucional o financiamento por empresas.
Seis ministros do STF já se manifestaram favoráveis ao veto
das contribuições, entre eles o atual presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), José Dias Toffoli.
A votação já foi interrompida por dois pedidos de vista: um do
ministro Teori Zavascki, único que votou contra a proibição, e outro do
ministro Gilmar Mendes, que já sinalizou posição também contrária, mas
que ainda não declarou o seu voto.
O Congresso Nacional, que é contra a mudança das regras por
meio da STF, tem vários projetos sobre o assunto em tramitação
atualmente.
Em evento na última quinta-feira (27), o presidente do TSE
ressaltou que o Legislativo deve ser o foro para a reforma política e
que o Judiciário deve ter a menor interferência possível nos ajustes do
atual sistema político.
Fonte:folha de são paulo
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